domingo, 25 de janeiro de 2009

Manhã de mais um domingo

Domingo de meio sol, quase fim do mês, primeiro decanato de um outro signo no zodíaco. Um antibiótico, um antinflmatório, algumas gotas de homeopatia, remédio contra hipertensão, Gingko Biloba por ser uma alternativa natural. Aqui estou eu, um homem com 27 anos recém completados, sentado à frente do computador de mesa que terminou de pagar o ano passado, sentado à uma cadeira de madeira crua e assento de almofada branca, em suas cuecas GAP adquiridas na última viagem aos Estados Unidos e vestindo uma camiseta bege, que comprou por um engano achando que seria bom ter uma peça de cor neutra no guarda-roupas.
Estou sozinho em casa, e isso me permite sentir inteiro, eu, meu. A sensação de vazio é inevitável, mas logo a percepção de estar inteiro, supre qualquer outra necessidade.
Acima do monitor de LCD, minha prateleira de DVDs, onde estão misturados filmes, séries, shows, documentários; e a barreira que eles formam serve de porta correspondências. À frente de alguns deles e pra ser mais preciso, entre o show do Rod Stewart e Um Lugar Chamado Notting Hill está o maço de Marlboro Lights que denuncia minha mais recente tentativa de largar o vício. Fiz questão de escrever na caixa: "Last One, Jan 23 2009".
Chega de fumar, chega de tentar parar. Dessa vez quero que funcione. Estou lutando contra uma gripe que me derrubou, uma crise de bronquite inesperada e um congestionamento de alma que precisa respirar.
Desde que ressucitei meu Blog venho querendo postar coisas todo o tempo, mas isso seria inviável, pois infelizmente nem o mais experiente taquígrafo consegue acompanhar a velocidade dos pensamentos. Por isso estou tentando organizar minha idéias, anotar quando sinto que vou perdê-las, e quem sabe conseguir traduzir aqui um pouco do tudo que passa por essa cabeça já coberta alguns fios grisalhos, que insistem em se destacar dos pretos por alguma razão.
No DVD player comprado recentemente, toca um cd dado por alguém que passou pela minha vida, uma paixão relâmpago, daquelas que nem dá tempo pra entender, e tudo é confuso, e mágico, e estranho, e que não continua, se separa, e ficam perguntas, procuram-se respostas e ninguém sabe como findar. As músicas escolhidas são compostas da mais profunda melancolia, misturada ao desespero e quem sabe ao verdadeiro sentimento de "por favor, me escuta, eu gosto de você". Não deu, foi mais forte do que eu, não era o momento, não era a estação mais favorável, não foram usadas as palavras corretas, o tempo das ações, a duração de cada encontro, o verdadeiro discurso do que vem de dentro.
Ainda recebo visitas freqüentes deste alguém, que me vem por e-mail, torpedo, presente de aniversário deixado na recepção às 2h da manhã, ou um cd que eu mesmo decido permitir que visite-me a mim. Que fique a lembrança da tentativa - não se pode culpar por tentar - e o presente das belas músicas que dentre as melancólicas são realmente lindas. Não que a melancolia não possa ter beleza, mas ela sofre porque quer, e sabe que não deve ser tanto.
Ser assim me lembra meus 15 ou 16 anos, época em que eu acreditava que encontraria alguém que fizesse meu coração parar por alguns segundos, alguém a quem eu daria flores todos os dias, e sentiria o cheiro e viveria de beijos, sorrisos, alegrias, sóis e luas e muito mais. Se de coração quebrado, meu ombro amigo era Jon Bon Jovi , que me cantava These Days e me fazia chorar, como se o mundo tivesse perto do fim e me tivessem tirado tudo aquilo que me era vital. Que engraçado isso. O tempo passa, mudam-se os referenciais. A gente aprende a ser mais duro, mais resistente. As dores da alma precisam ser maiores para ferir. Pelo menos é assim que me sinto, ou prefiro acreditar que sou, pra não sofrer por razões tolas e simples.
Alguns minutos de hesitação. Como continuar esse texto, sem deixá-lo extenso de mais, ou cansativo demais ou piegas demais?
Bom, seria engraçado se eu tivesse uma câmera que me acompanhasse o dia todo, e que captasse meus momentos de dentro pra fora e de fora pra dentro. Seria engraçado mostrar coisas banais do dia-a-dia, e que são as coisas que me fazem quem eu sou, e que são o 'preparo' da receita que chega a cada um que topa comigo por aí. Por exemplo, o pote do antibiótico é "anti-kids" pois tem um mecanismo que dificulta a abertura da tampa. Você tem que pressionar e girar para conseguir abrir, porém não é tão simples assim! Confesso que hoje tentei rodar pelo menos cinco vezes em vão, e só consegui abrir na sexta vez. Separei o comprimido a ser tomado, e olhei pra dentro do frasco, e percebi que toda vez que o abro, penso: "e se esse saquinho que mantém a temperatuda dos comprimidos cair na minha mão, e se alguém engole isso sem prestar atenção?"
Esse é o tipo de pergunta que deve ser feita apenas uma vez, porque a resposta é obvia, mas eu insisto por pensar nisso toda vez que abro o frasco. E também não consigo evitar de pensar que dentro do frasco não tem os 14 comprimidos que diz a caixa, e que serei surpreendido quando estiver chegando perto do sétimo dia de tratamento e ver que os comprimidos acabaram! Mas sei que o contrário é que vai acontecer, e vou previsivelmente pensar em silêncio: "e não é que foi a conta certinha?". Não me perguntem porque até agora não olhei cautelosamente para dentro do frasco e contei quantos comprimidos ainda têm lá. Não quero. É uma mistura de efeito surpresa com curiosidade e desafio, por mais que eu queira ter certeza de que ali sim existem os comprimidos para o tempo total de tratamento, quero me supreender com o fato de que realmente existem os 14 comprimidos que diz a caixa.
Estranho, mas isso é meu. E gosto de ser assim. Gosto de organizar meus frascos de comprimido por tamanho, e não pela ordem que tenho que tomá-los. Gosto de fechar todas as janelas que abrem automaticamente ao ligar o computador, e abrí-las de novo de acordo com a minha necessidade. Gosto de abraçar a almofada do sofá enquanto assisto TV, e só eu não me irrito com o fato de que o DVD fica de costas pra TV e preciso fazer um malabarismo simples para que o infravermelho chegue ao leitor.
Hoje é um dia pra ser meu. Tenho um relatório enorme para revisar, uma análise de projeto que deveria ter sido entregue na sexta-feira, coisas de casa e algumas outras simples atividades a fazer. Vou ouvir música o dia todo, e atender ao telefone se ele tocar. Quem sabe ao final de tudo, terei mais coisas para pensar e organizar para passar por aqui e tentar sintetizar?
Luz, câmera, ação! Meu dia já está no ar.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Céu coberto de neve

Existe algo em mim que não é bem fácil de se definir ou colocar em palavras
Não é algo que me mata, mas me sufoca, e às vezes me impede de sorrir
Às vezes ando pelas ruas, eu com meus pensamentos egoístas
Egoístas não por serem meus, mas por serem por si só egoístas

Me faltam mãos para alcançar o atingível
Me falta o verbo para dizer a quem quero
Me falta espaço, para ser tudo o que sou
Me falta a cura, para livrar do mal o amor

Eu queria mesmo era poder ser mais
E não só mais para mim
Mais para os outros, pelos outros
Pensando bem, mais pra mim um pouco

Eu queria abraçar minha mãe e arrancar de seu coração
Toda e qualquer tristeza que ali possa estar
Deixar as feridas da vida, que são importantes
E a lembrança de quem viveu pra lutar

Mas eu curaria com amor
E assim faria com meu pai
Daria a força que os anos arrancaram dele
E recuperaria o sorriso que me encantava quando nem andar podia

Ai como eu queria ver no rosto da minha irmã
A imagem do anjo de candura que me criou em seus braços
Eu daria a ela o perfume das folhas de outono
A textura da neve, o conforto do calor do sol e a mais bela flor da primavera

E assim seria mais feliz. Mesmo com o céu coberto de neve.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Promessas de um ano novo

Ok, ok... eu prometo que vou emagrecer. Até já fui conhecer a academia que vou me matricular segunda-feira.

Poema do Menino Jesus (parcial), por Alberto Caeiro, het. Fernando Pessoa

Um dos textos mais lindos que já li. Maria Bethânia musicou e gravou pela primeira vez em 1973, e recentemente o trouxe de volta em seu show Maricotinha, em que o recita antecedento a canção Doce Mistério da Vida.

"Num meio-dia de fim de primavera eu tive um sonho como uma fotografia: eu vi Jesus Cristo descer à Terra. Ele veio pela encosta de um monte, mas era outra vez menino, a correr e a rolar-se pela erva. A arrancar flores para deitar fora, e a rir de modo a ouvir-se de longe.
Ele tinha fugido do céu. Era nosso demais pra fingir-se de Segunda pessoa da Trindade...
...Um dia que Deus estava dormindo e o Espírito Santo andava a voar, Ele foi até a caixa dos milagres eroubou três. Com o primeiro Ele fez com que ninguém soubesse que Ele tinha fugido; com o segundo Ele se criou eternamente humano e menino; e com o terceiro Ele criou um Cristo eternamente na cruz e deixou-o pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois Ele fugiu para o Sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou. Hoje Ele vive na minha aldeia, comigo. É uma criança bonita, de riso natural. Limpa o nariz com o braço direito, chapinha nas poças d'água, colhe as flores, gosta delas, e esquece. Atira pedras aos burros, colhe as frutas nos pomares, e foge a chorar e a gritar dos cães. Só porque sabe que elas não gostam, e que toda gente acha graça, Ele corre atrás das raparigas que levam as bilhas na cabeça e levanta-lhes a saia...
...A mim, Ele me ensinou tudo. Ele me ensinou a olhar para as coisas. Ele me aponta todas as cores que há nas flores e me mostra como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas. Damo-nos tão bem um com o outro na companhia de tudo que nunca pensamos um no outro. Vivemos juntos os dois com um acordo íntimo, como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer nós brincamos as cinco pedrinhas no degrau da porta de casa. Graves, como convém a um Deus e a um poeta. Como se cada pedra fosse todo o Universo e fosse por isso um perigo muito grande deixá-la cair no chão.
Depois eu lhe conto histórias das coisas só dos homens. E Ele sorri, porque tudo é incrível. Ele ri dos reis e dos que não são reis. E tem pena de ouvir falar das guerras e dos comércios. Depois Ele adormece e eu o levo no colo para dentro da minha casa, deito-o na minha cama, despindo-o lentamente, como seguindo um ritual todo humano e todo materno até Ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma. Às vezes Ele acorda de noite, brinca com meus sonhos. Vira uns de perna pro ar, põe uns por cima dos outros, e bate palmas, sozinho, sorrindo para os meus sonhos. Quando eu morrer, Filhinho, seja eu a criança, o mais pequeno, pega-me Tu ao colo, leva-me para dentro a Tua casa. Deita-me na tua cama. Despe o meu ser, cansado e humano. Conta-me histórias caso eu acorde para eu tornar a adormecer, e dá-me sonhos Teus para eu brincar."


Veja o vídeo: http://br.youtube.com/watch?v=HakV--x6LXM

O dia do meu aniversário

Bom, posso dizer que tive um dia de aniversário completamente diferente de todos os que já se passaram até aqui. Ontem fui a uma danceteria comemorar com alguns amigos, que me parabenizaram depois da meia noite - esqueçamos o fato que cheguei depois de alguns convidados, e não estava presente no momento em que a banda cantou os "parabéns" - e dançaram comigo até as 4 horas da madrugada.
Alguns drinks depois e uma corrida de taxi pagável até minha casa, caí nos encantos da minha cama e me entreguei ao confortável sono até as 10h30, quando recebi a primeira ligação do dia.
Impossível ter me irritado, eram minha irmã, avó e mãe, me desejando tudo de melhor. Comecei bem o dia. Levantei, tomei um banho gostoso e fui à padaria para o habitual cafezinho e pão na chapa. Também pedi frutas com aveia, uma bela opção saudável e refrescante. Recebi os cumprimentos de alguns amigos que lá trabalham, voltei para casa, chequei e-mails, recebi ligações.
A atividade intelectual mais intensa até então estava para começar: 3ª temporada da minha série favorita. Assisti aos 6 episódios, rindo sozinho, olhando para os lados (mesmo sabendo que não tinha ninguém em casa) para ver se alguém notava a pequena lágrima que teimava em sair do olho.
Almocei - sorte ter sobrado comida do almoço de ontem! - e fui tirar um cochilo. Confesso que meus pés ainda apresentavam sinais de cansaço, e a música da danceteria ainda seguia um ritmo constante na minha cabeça. Acordei alguns telefonemas depois. Fiquei muito feliz com as mensagens de carinho, com as ligações de pessoas queridas que o tempo levou pra longe. Passei o dia quieto, reflexivo, calmo, esperançoso. Nada de farra, nada de balada! Fiquei sozinho em casa, primos viajando, amigos tão cansados quanto eu. Hoje passar o dia assim foi escolha minha.
E já que são quase 11 da noite e o sono jajá volta a bater, posso garantir que tive um dia excelente, porque passei o dia com a pessoa a quem mais amo nesse mundo: Eu mesmo.

Enfim, Blog

11 de janeiro de 2009. Passaram-se 365 dias do último aniversário, então hoje acontece o inevitável: caminho um número a mais na escala da vida.
Meu aniversário, capricorniano forte, que não tem medo do trabalho e luta por seus objetivos. Um deles, é ser fiel ao meu recém inaugurado Blog! Geladeira do Pinguim será meu espaço para discursar sobre a vida, o cotidiano, o ser humano, o desumano, o amor, a paixão, o sofrimento, a dor. Quero compartilhar aqui nesse espaço, um pouco de mim e do que sinto e penso sobre todas as coisas.
Realmente vou me empenhar para manter tudo por aqui sempre organizado e atualizado!

Enfim, Blog!